Estudo prova que crianças de casais homossexuais crescem normalmente
Crianças criadas por casais homossexuais não sofrem quaisquer desvantagens em relação às que crescem em famílias clássicas. Este é o resultado de um estudo encomendado pela ministra alemã da Justiça, Brigitte Zypries, e divulgado nesta quinta-feira (23/07).
"Homossexuais não são piores como educadores", disso está convencida a política social-democrata. Em consequência, ela insta os parceiros conservadores da coalizão governamental a aprovarem a legislação que permite a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Até agora, para estes só é possível na Alemanha a adoção de enteados.
Calcula-se que pelo menos 6.600 crianças crescem em "famílias arco-íris" (com dois pais ou duas mães). Dessas, cerca de 2.200 em lares formados por parcerias homossexuais registradas (o chamado "casamento gay"), a grande maioria delas entre mulheres.
Desmentindo preconceitos difundidos, a ausência de um pai (ou mãe) parece não ser obstáculo à formação da identidade sexual. Tampouco os menores se tornam automaticamente homossexuais.
Pelo contrário: "As crianças estão, no mínimo, tão seguras de seu próprio papel sexual quanto as outras, se não um pouquinho mais", assegurou a vice-diretora do Instituto de Pesquisas Familiares da Universidade de Bamberg, Marina Rupp, encarregada do estudo realizado por encomenda do Ministério da Justiça e adquirível na forma de livro.
Destruindo mitos
Segundo a pesquisa representativa, na qual foram entrevistadas 700 crianças e seus pais, tanto o desenvolvimento da personalidade como o escolar e o profissional podem transcorrer de forma tão positiva quanto entre os filhos de uniões heterossexuais. Tampouco foi registrada uma maior tendência à depressão.
Entre os filhos, 53% afirmaram não ser discriminados devido à orientação sexual de seus pais e mães, o que foi confirmado por 63% dos responsáveis entrevistados. Quando ocorre, a discriminação se limita a atos de implicância e insultos. "As crianças se desenvolvem tão bem com dois pais ou duas mães quanto em outras formações familiares", declarou Zypries.
Em face dos resultados da pesquisa, ela conclui não haver motivo para os legisladores alemães continuarem bloqueando a adoção por casais homossexuais estáveis. Pré-condição para tal seria a Alemanha finalmente ratificar e implementar o novo acordo europeu de adoção, que, diferentemente da versão de 1967, permite também a adoção conjunta por parceiros homossexuais.
"Ataque à instituição"
A ministra da Justiça sublinhou que, até então, as iniciativas por mais direitos para casais homossexuais têm sido bloqueadas geralmente pelos partidos conservadores União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU). Ainda assim, foram registrados avanços, por exemplo, quanto ao direito de herança.
A iniciativa de Zypries foi elogiada por diversas instâncias, entre elas os partidos A Esquerda e o Liberal Democrático (FDP). Segundo a Associação de Lésbicas e Gays da Alemanha (LSVD), "resultados contundentes como esses rebatem todos os argumentos de círculos retrógrados contra o direito de adoção conjunta para parceiros registrados".
A associação de lésbicas e gays da CDU/CSU igualmente aplaudiu o estudo e a argumentação da ministra, mesmo contra as facções mais conservadoras de seus próprios partidos. A presidente da União das Mulheres da CDU, Maria Böhmer, acusou Zypries de querer "atacar a instituição do casamento e debilitá-la".
Fonte: dw-world.de
AV/dpa/ap/epd
Revisão: Rodrigo Rimon