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Sodoma e Gomorra


 

Sodoma e Gomorra

O mundo está cheio de pregações impiedosas e preconceituosas contra os homossexuais baseadas no texto de Gênesis 19.1-29 que fala da destruição de Sodoma e Gomorra. Vamos analisar isto à luz da verdade.

O texto conta a história da visita de dois anjos à casa de Ló, sobrinho de Abraão o patriarca; Ló morava na cidade de Sodoma e os anjos vieram avisa-lo para que saísse imediatamente com seus familiares da cidade pois eles vieram para destruí-la devido a quantidade excessivamente alta de seus pecados;durante a visita dos anjos à casa de Ló os homens da cidade cercam a casa e querem algo com os visitantes (sexo?), os anjos fazem com que eles fiquem cegos, retiram Ló e sua esposa da cidade e em seguida a destroem.

Em Gênesis 13.13 (seis capítulos antes) é citado pela primeira vez o caráter das pessoas da cidade de Sodoma, o texto diz: Os homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores contra o Senhor. Note que não há menção de homossexualidade nem de qualquer outro pecado específico nesta passagem. A sentença da destruição de Sodoma já havia sido dada antes do episódio supostamente homossexual de Gênesis 19; Em Gênesis 18.32 Deus diz que não destruiria a cidade se ali houvesse dez pessoas justas, pois Deus nunca destrói o justo com o ímpio. Os únicos justos que realmente havia na cidade eram Ló e sua família e foram retirados antes da destruição da cidade.

No texto chave de Gênesis 19 notamos alguns pontos interessantes:

O versículo 4 nos diz que todos os homens de toda parte da cidade cercaram a casa, dos mais jovens aos mais velhos. Ora, sabemos que em todas as cidades os homossexuais constituem uma minoria.

No texto os habitantes da cidade dizem a Ló: “Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles.” (19.15b). O problema aqui é em saber se “tenhamos relações” está realmente falando do ato sexual ou não; a palavra usada aqui é o vocábulo hebraico yahda, que significa literalmente “conhecer”, “saber”. Esta palavra aparece 943 vezes no Antigo Testamento e em pouquíssimas vezes ela tem conotação sexual. Um exemplo dessa palavra está no Salmo 139.1 que diz: Senhor, tu me sondas e me conheces. Em passagens em que tem conotação sexual está sempre se referindo à heterossexualidade, como em Gênesis 19.31 que fala que as filhas de Ló nunca tinham conhecido homens.

O texto de Sodoma é bem traduzido em algumas Bíblias como: “traze-os para fora para que os conheçamos” ou seria bem traduzido como “traze-os para fora para que saibamos quem são”. Deduz-se o caso de que eles queriam abusar sexualmente dos visitantes celestiais baseando-se no pedido de Ló de oferecer suas duas filhas virgens ( e que eram noivas, ver 19.14) para que eles fizessem dela o que quisessem mas deixassem em paz os visitantes. Não seria pecado (e um tanto covarde) oferecer as filhas para serem abusadas sexualmente e ainda mais sendo elas noivas? Por que Ló fez isso?


A lei da Hospitalidade

Desde àquele período patriarcal já existia uma lei que se estende até nossos dias, essa é a lei da hospitalidade. A lei da hospitalidade era muito importante nos dias de Ló. Há pessoas que escrevem artigos religiosos contra os homossexuais baseados no texto de Gênesis 19 e negam totalmente a lei da hospitalidade; outros a admitem mas tentam arranjar outra saída para condenar os homossexuais da mesma maneira.

Fica evidente que havia esta lei naquela época pelas palavras de Ló: Mas não façam nada a estes homens, porque se acham debaixo da proteção do meu teto.


A nota de rodapé da Bíblia Vida Nova diz: “As leis da hospitalidade exigiam que os hóspedes estivessem a salvo enquanto permanecessem sob o teto de Ló. Os mesmos costumes vigoram ainda no oriente médio.”


A Bíblia de Estudo Almeida diz: “segundo os costumes do antigo oriente, a obrigação de proteger a vida de um hóspede era ainda mais importante que a honra de uma mulher.”

No Talmude Babilônico os rabinos dizem: " Os homens de Sodoma disseram: Porque devemos receber viajantes, que vem a nós apenas para acabar com nossa riqueza? Venham, vamos abolir a prática de hospedagem em nossa terra" (Sanhedrin 109a)


A Bíblia de Estudo NVI diz: “A antiga hospitalidade obrigava o anfitrião a proteger os hóspedes em todas as situações.”


Os Sodomitas estavam sendo inóspitos; Ló estava recebendo anjos em sua casa e deveria recebe-los bem. Neste caso o pecado seria o de estarem importunando (não importando de que maneira) os visitantes. De fato a passagem de Gênesis 19 tem um paralelo direto com o que o escritor de Hebreus diz sobre a hospitalidade: “Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos” (Hebreus 13.2). Jesus ao falar sobre a inospitalidade que seus seguidores encontrariam durante a pregação do evangelho citou Sodoma e Gomorra como exemplo, ele disse: Na cidade ou povoado em que entrarem, procurem alguém digno de recebe-los, e fiquem em sua casa até partirem. Ao entrarem na casa, saúdem-na. Se a casa for digna, que a paz de vocês repouse sobre ela; se não for, que a paz retorne para vocês. Se alguém não os receber nem ouvir suas palavras, sacudam a poeira dos pés quando saírem daquela casa ou cidade. Eu lhes digo a verdade: No dia do Juízo haverá menor rigor para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.” (Mateus 10.11-15).

Ló então preferia que aqueles homens violentassem suas filhas (que também era pecado) a quebrar a lei da hospitalidade para com os anjos (que seria algo pior). Imagine agora que os visitantes celestes fossem mulheres, anjos femininos e não masculinos como o texto mostra, ainda assim os importunadores estariam pecando e a cidade seria destruída; neste caso Deus estaria condenando a heterossexualidade ou a inospitalidade?

Por fim, mesmo que os homens quisessem realmente abusar sexualmente dos visitantes à força, o texto ainda assim não estaria condenando a homossexualidade, e sim a violência, inospitalidade e estupro por parte de uma gangue, e isso é pecado em qualquer sociedade, hetero ou homossexual.

 
 
   
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